Interventions in Objects and Photographs


PHOTOGRAPHY



untitled
scratching on 35 mm negative
60 x 40 cm
, 2004







untitled
painting on 35 mm slide
60 x 40 cm
, 2004







untitled
scratching on 35 mm slide
40 x 60 cm
, 2004







untitled
painting on 35 mm slide
60 x 40 cm
, 2004







untitled
painting on 35 mm slide
40 x 60 cm
, 2004







untitled
scratching on 35 mm slide
60 x 40 cm
, 2004







untitled
scratching on 35 mm slide
60 x 40 cm
, 2004







untitled
scratching and painting on 35 mm slide
40 x 60 cm
, 2003






untitled
painting on 35 mm slide
60 x 40 cm
, 2003







untitled
scratching on 35 mm slide
40 x 60 cm
, 2004






OBJECTS



airport
components of cash-register, paint, photographic print
27,5 x 33 x 42,5 cm
, 2003


 





cinema
components of electric writing machine, paint, photographic print
18 x 36 x 33,5 cm
, 2003








train
components of television, paint, photographic print
13,5 x 19 x 19 cm
, 2003








swimming pool
components of vacuum cleaner, paint, photographic print
24 x 26,5 x 20 cm
, 2003







bedroom
components of video recorder, paint, photographic print
13 x 36 x 34 cm
, 2003








tunnel
components of electric fan, paint, photographic print
22 x 21 x 29 cm
, 2003








(scroll down for english version)



O impulso é semelhante ao que leva alguém a desenhar um bigode numa fotografia de jornal, mudando-lhe a personalidade ou evidenciando aquilo que já aparenta.
No meu caso o impulso é o de desenhar na realidade, acrescentar ou realçar um pormenor, para criar um sentido, ou retirar aquele que já estava presente na imagem.
Mas esta vontade de agir sobre o real não implica perpetuar na paisagem uma enorme linha a negro, e nem todas as situações são estáveis ao ponto de poderem ser construídas realmente. As fotografias permitem-me a concretização da imagem.
Algumas imagens estão mais próximas da situação do bigode no jornal, já que, no momento do disparo fotográfico eu não tinha ainda uma vontade concreta de acção sobre elas. Surgem como imagens sugestivas mas ainda em aberto, permitindo ao pensamento um passeio pelas suas possibilidades.
Outras surgem da vontade de agir sobre, e perante, a própria realidade. Aqui a fotografia surge já com um sentido, com uma intenção específica de acção.
Os objectos são reflexões sobre as possibilidades de acção sobre o real. Pegando em objectos quotidianos, que fossem constituidos por várias peças de vários tamanhos, como são os electrodomésticos, propus-me pensar sobre a possibilidade de, partindo apenas dos seus constituintes, construir representações de lugares que pudessem simular exemplos de espaços reais comuns.
Depois do processo de construção, o objecto surge como uma possibilidade de deambulação do olhar por um lugar, ou a representação de um lugar. Assim, na escala a que se apresentam e sendo construídos a partir da adaptação das pequenas partes dos electrodomésticos no sentido de simular a realidade, há um desfazamento entre a proximidade mimética do real e as condicionantes físicas que limitam a veracidade dos objectos.
Estas duas abordagens mostram uma vontade de tradução, de transformação da realidade. Uma vontade que anseia pelo aprofundar da ideia de real, procurando as suas possibilidades de apreensão.

Joana Lucas




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The impulse is similar to what leads someone to draw a moustache in a newspaper photograph, changing their personality or highlighting what they already look like.
In my case the impulse is to draw in reality, to add or highlight a detail, to create a sense, or to emphasise what was already present in the image.
But this will to act on reality does not imply perpetuating in the landscape an enormous black line, and not all situations are stable to the point that they can really be built. Photographs allow me to concretize the image.
Some images are closer to the situation of the moustache in the newspaper, since at the time of the photographic shooting I did not yet have a concrete will to act on them. They appear as suggestive images but still open, allowing the thought a walk through their possibilities.
Others arise from the will to act on, and before, reality itself. Here photography already appears with a sense, with a specific intention of action.
The objects are reflections on the possibilities of action on reality. Taking everyday objects, which were made of various pieces of various sizes, like household appliances. I proposed to think about the possibility of, starting only from their constituents, build representations of places that could simulate examples of real common spaces.
After the process of construction, the object appears as a possibility of wandering one's gaze over a place, or the representation of a place. Thus, in the scale at which they are presented and being constructed from the adaptation of the small parts of household appliances in order to simulate reality, there is a gap between the mimetic proximity of reality and the physical constraints that limit the veracity of objects.
These two approaches show a willingness to translate, to transform reality. A desire to deepen the idea of the real, seeking its possibilities of apprehension.

Joana Lucas